Oliveiras de Cal é um romance rural herdeiro digno do mais discreto Delibes. Seus personagens, trabalhados em profundidade, escondem seus sentimentos ao ponto de elevar seus silêncios à categoria de personagem principal. Duas histórias em um só lugar, as terras de Jaén, que se buscam através do tempo até se encontrarem na dura década de 1930. Seu domínio do vocabulário envolve o leitor desde a primeira página, como faria a luz letárgica da vela na casa da fazenda. Passeie pelo olival e sinta o cheiro do funcho e do alecrim, sinta sua respiração diante do pelotão de fuzilamento e sob as bombas, deixe-se embalar pelos galhos da oliveira em flor. O romance de Fran Toro soa como Lole e Manuel, tem cheiro de terra molhada e gosto de azeite. “Este romance é encarnado por uma mulher que você sente respirar enquanto sobe a ladeira da vida entre oliveiras centenárias". Por Susana Fortes