ENTREVISTA ANTERIOR
A minha motivação inicial foi compartilhar com outras pessoas a paixão pelos livros que eu havia desenvolvido ao longo dos anos. Eu acreditava firmemente que poderíamos inspirar as pessoas por meio das redes sociais, pois antes de me tornar um incentivador, eu mesmo fui incentivado pelas redes sociais. Assim, quando comecei a seguir outros perfis literários nas redes sociais, minha leitura se expandiu significativamente. Pude explorar uma variedade de gêneros, autores e perspectivas diversas, enriquecendo minha experiência de leitura. Foi com o desejo de compartilhar essa influência positiva que eu havia recebido com outras pessoas que decidi criar um perfil nas redes sociais dedicado a falar sobre livros de uma forma acessível. Eu queria ser visto não como um especialista ou alguém com conhecimento técnico ou acadêmico em literatura, mas como um leitor comum que compartilhava suas descobertas e paixão pelos livros.
Hoje em dia, trabalhar nas redes sociais realmente requer um investimento significativo de tempo. Atualmente, dedico a maior parte do meu tempo à produção de conteúdo para o Instagram, que é minha principal plataforma. Além disso, mantenho um podcast chamado "Daria um Livro," no qual realizo entrevistas semanais com pessoas ligadas ao mundo da leitura, como escritores e entusiastas de livros. As entrevistas são incrivelmente enriquecedoras. Também gerencio minhas contas no Twitter e TikTok. Meu canal no YouTube está um pouco menos ativo no momento. Também estou envolvido em um desafio literário chamado "Desafio Bookster." Além de tudo isso, sou advogado e ainda atuo em um escritório que exige um alto nível de dedicação. O equilíbrio entre minha carreira na advocacia e minha presença nas redes sociais é, sem dúvida, meu maior desafio. As pessoas costumam brincar comigo sobre como consigo encontrar tempo para ler. Eu costumo explicar que a leitura é minha maneira de relaxar, geralmente reservo 30 a 40 minutos antes de dormir para isso. O verdadeiro desafio está na produção de conteúdo e na administração das redes sociais. Para equilibrar tudo isso, faço uma programação rigorosa. Durante a semana, quando estou focado no trabalho como advogado, costumo reservar as tarefas mais complexas relacionadas ao "Booskter" para o final de semana ou para as manhãs. Quanto às tarefas mais simples do dia a dia, costumo postá-las ao longo do dia. Geralmente, escrevo minhas resenhas no final de semana e me programo para fazer as postagens. Gerenciar todas essas atividades exige um planejamento cuidadoso, mas é assim que consigo conciliar minha paixão pelas redes sociais com minha carreira na advocacia.
tende a se concentrar no visual? Você tem alguma abordagem criativa que gostaria de compartilhar?
Realmente, hoje em dia, é cada vez mais desafiador manter a atenção das pessoas em textos nas redes sociais. Inicialmente, tive alguma hesitação em escrever minhas resenhas de livros, especialmente devido às limitações de espaço nas legendas das postagens. No entanto, com o tempo, descobri maneiras de equilibrar a parte escrita com elementos visuais, como você mencionou. Para tornar o conteúdo mais dinâmico e envolvente, comecei a incorporar vídeos em que falo sobre livros de maneira concisa, destacando os aspectos que mais me cativaram. Sempre mostro a capa do livro e compartilho trechos significativos. Acredito que as pessoas hoje em dia procuram seguir outras pessoas nas redes sociais, em vez de simplesmente seguir páginas sobre tópicos específicos. Portanto, é crucial que eu esteja presente, comunicando-me de maneira descontraída e agradável. Minha abordagem visa criar a sensação de um bate-papo amigável, como se a pessoa do outro lado da tela estivesse conversando com um amigo, seja tomando café ou uma cerveja, discutindo livros e leituras. Portanto, meu foco é manter meu conteúdo acessível, agradável e fácil de consumir. Além disso, procuro sempre incorporar imagens, incluindo a capa do livro, e adaptar minha abordagem para despertar o interesse específico do leitor na obra em questão.
É engraçado, pois apesar de estar ativo em uma rede social, meu público não é tão jovem. Em sua maioria, eles têm entre 25 e, em média, 50 anos. Outros criadores de conteúdo têm como foco o TikTok, onde encontram um público mais jovem, incluindo adolescentes. No entanto, essa não é a minha realidade. Meu conteúdo é direcionado para um público mais adulto. Consequentemente, minha abordagem literária é mais madura, abordando temas e obras voltadas para adultos. Essa característica específica da minha audiência pode explicar algumas dificuldades que encontro ao tentar expandir meu alcance no TikTok, já que esse público não costuma consumir o tipo de literatura que estou acostumado a ler e a compartilhar. Nas redes sociais, como o TikTok e o Instagram, observo um crescimento notável de perfis voltados para a literatura mais jovem, atingindo um público adolescente e jovem adulto. É incrível ver uma nova geração de criadores de conteúdo dedicados a esse nicho, assim como um público ávido por consumir esse tipo de material. A literatura que esse público consome tende a se concentrar em gêneros como suspense e romances mais românticos, às vezes até romances que parecem adaptações de comédias românticas para a literatura. Também existem autores e autoras que abordam temáticas mais densas e complexas, como relacionamentos abusivos, exemplificado por Colin Hoover, que alcança muito sucesso. Além disso, há uma crescente presença de romances LGBTQ+ que trazem uma importante diversidade de histórias. Essa literatura, em grande parte, é produzida por autores e autoras europeus e norte-americanos, embora também existam autores brasileiros. Embora essa literatura muitas vezes tenha um viés mais comercial, acredito que é uma ótima maneira de atrair os leitores mais jovens para o mundo da leitura. Inicialmente, eles podem ser atraídos por romances envolventes e, com o tempo, diversificar suas leituras, explorando uma ampla variedade de gêneros e estilos
literários. A chave está em criar o hábito da leitura e, posteriormente, ampliar seus horizontes literários.
É curioso, porque quando se menciona literatura espanhola, a primeira coisa que vem à mente são os clássicos, como "Dom Quixote". Eu nunca tive a chance de lê-lo, mas está na minha lista de leituras desejadas. No entanto, quando penso na literatura espanhola, meu foco recai mais nas obras contemporâneas. Tenho um gosto particular por romances históricos e já li muitas obras excelentes nesse gênero. Além disso, também me interesso por autores contemporâneos. Recentemente, por exemplo, li "A ridícula ideia de nunca mais te ver" de Rosa Montero. Este livro é bastante único, pois mistura aspectos autobiográficos com a biografia da cientista Marie Curie. Aborda temas atuais, como o luto, e é escrito de maneira contemporânea, até mesmo incorporando hashtags em seu estilo. Fiquei realmente impressionado com essa obra. Portanto, a literatura espanhola contemporânea tem chamado bastante minha atenção, e tenho explorado cada vez mais suas obras fascinantes.
É curioso porque, como eu estou mais focalizado na literatura contemporânea, percebo que as diferenças entre as obras de autores espanhóis e brasileiros não são tão marcantes quanto poderiam parecer à primeira vista. Claro, existem diferenças culturais e peculiaridades que refletem as sociedades que essas obras buscam retratar, e essas diferenças são importantes. No entanto, o que mais me chama a atenção são os temas relevantes e atuais que aparecem com frequência na literatura contemporânea, tanto na Espanha quanto no Brasil. Esses temas frequentemente se concentram em questões de saúde mental, relacionamentos abusivos, luto e outros assuntos que têm sido discutidos recentemente. São questões que refletem uma sociedade cada vez mais globalizada, que, por ter menos barreiras, compartilha problemas e desafios em comum. Assim, a literatura contemporânea, em sua diversidade e abordagem desses temas universais, acaba aproximando as sociedades de maneiras inesperadas e fascinantes.
Acho importante ressaltar que minhas opiniões são realmente as de um leitor, mais que de um especialista em literatura, pois não tenho nenhuma formação técnica nessa área. No entanto, é interessante observar que há um autor que alcançou grande sucesso e popularidade no Brasil quando se trata de literatura espanhola: Carlos Ruiz Zafón. "A Sombra do Vento" é uma de suas obras que mais se destacou, e já tive o prazer de lê-la, assim como outros livros do autor, como "Marina". Zafón tem uma habilidade incrível
em criar cenários misteriosos em Barcelona, misturando amor e o mundo dos livros com elementos de suspense. Suas obras são muito bem escritas e cativantes, e ele conquistou
uma base sólida de fãs aqui no Brasil, especialmente devido ao sucesso de "A Sombra do Vento". Além disso, há outros autores da literatura espanhola que ganharam destaque por aqui. Por exemplo, "A Catedral do Mar" de Ildefonso Falcones é uma obra que aprecio bastante, e foi adaptada para a Netflix. Trata-se de um romance histórico envolvente. Outro autor notável é Fernando Aramburu, que escreveu "Pátria," um romance histórico relacionado ao conflito do País Basco. Javier Marías e Rosa Montero são outros nomes frequentemente discutidos no Brasil.
Acredito que não tenha lido muita literatura espanhola para fazer comparações, mas quando se trata da literatura contemporânea nacional, noto que as expectativas em relação à denúncia social estão cada vez mais evidentes. Autores que exploram questões relacionadas à desigualdade social, pobreza, racismo, homofobia e outras formas de discriminação contra grupos minoritários estão ganhando destaque. Também percebo que há uma crescente demanda do público por esse tipo de temática, que frequentemente desafia o leitor, mas ao mesmo tempo reflete os problemas sociais que enfrentamos. Portanto, considero essa literatura muito interessante, pois desperta meu profundo interesse.
Da literatura espanhola, vou recomendar "La Catedral del Mar," uma leitura extremamente agradável. Trata-se de um romance histórico que se passa na Idade Média, e acredito que seja daqueles livros que agradam à maioria dos leitores, uma verdadeira escolha certeira. Quando penso em recomendar livros, gosto de indicar obras que possam atrair um público amplo, incluindo aqueles que estão começando a cultivar o hábito da leitura. Além disso, sugiro "La Ridícula Idea de No Volver a Verte," que apreciei bastante. É uma leitura contemporânea, com uma linguagem atual, que narra a história de uma cientista extremamente importante. Ela quebrou muitas barreiras, enfrentou discriminação de gênero e teve dificuldades para trabalhar, produzir conhecimento e compartilhar suas descobertas, especialmente em um mundo que não a reconhecia como merecia.
Esta é uma pergunta desafiadora, e se eu tivesse a resposta, com certeza compartilharia, haha! No entanto, sinto que não devemos nos deixar levar totalmente pela necessidade de nos tornarmos puramente audiovisuais, porque isso não necessariamente incentiva
a leitura. A essência da leitura é importante, e precisamos garantir que as pessoas mantenham a capacidade e o foco necessários para realmente ler. Portanto, tento encontrar um equilíbrio. Enquanto reconheço a tendência em direção ao audiovisual, imagens e vídeos nas redes sociais, também acredito que não devemos negligenciar a importância de manter resenhas bem escritas. Não podemos nos render completamente aos algoritmos. Acredito que a chave está em seguir as tendências, se adaptar às mudanças das redes sociais e dos algoritmos, produzir conteúdo mais curto quando apropriado, mas sempre mantendo o objetivo de prender a atenção do leitor e, mais importante, despertar seu interesse para que ele leia a resenha e, eventualmente, o livro. Isso destaca a importância de como a leitura pode transformar vidas e que ela está ao alcance de todos, não importa a idade ou se você já tem experiência com livros. Nunca é tarde para começar. Portanto, vejo as redes sociais, independentemente do formato, como uma ferramenta valiosa para conquistar novos leitores.
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