Idiotizadas: de cuento de hadas a empoderhadas é uma graphic novel que trata do tema do feminismo na atualidade usando como metáfora as princesas dos contos de fada. Moderna de Pueblo, a protagonista, foi criada como um personagem de blog em 2010 pela ilustradora e autora Raquel Córcoles e suas tirinhas logo alcançaram enorme sucesso nas redes sociais. Moderna, misto de alter ego da autora e figura alegórica capaz de se conectar com a vida de seus leitores, é uma garota de cabelo loiro que sempre usa óculos escuros e que se muda para a cidade grande para estudar e trabalhar. Vive experiências típicas da vida na metrópole das pessoas entre vinte e trinta anos, como as lutas profissionais, as amizades, os amores e as frustrações e angústias geracionais, tudo com uma fina ironia cômica desenhada com um traço singular.
A história é dividida em capítulos curtos e a todo momento amarra situações vividas entre um grupo de amigos com versões distorcidas de personagens de contos de fadas. São muitas as situações retratadas, como a amiga que abandona as amizades para passar o tempo com o namorado, a experiência de se mudar para o subúrbio com o companheiro para evitar os aluguéis caros e a vida agitada do centro urbano, o processo de aceitação do corpo, a relação entre mãe e filha, a ideia de casamento, ter ou não filhos, relação com festas, sexo etc. Córcoles busca inspiração em eventos e situações que aconteceram com ela ou com amigos e que de certa forma têm conexão com experiências vividas por seus leitores.
O sucesso online das tirinhas já originou cinco livros diferentes. O primeiro, Soy de Pueblo (2012), descreve a vida na metrópole e a relação com o moderno, escrito como um manual de sobrevivência para aqueles que deixam o interior para morar na capital. Em seu segundo livro, Los capullos no regalan flores (2013), Córcoles narra os amores e desamores de Moderna e elenca os tipos de homens encontrados na cidade. Em El Cooltureta (2014), o personagem principal é um homem que finge saber de tudo e habita o bairro moderninho da cidade, tem amigos cultos, gosta de cafés rebuscados e quer encontrar um amor que tem gostos iguais. Em Idiotizadas (2017) a autora retorna à personagem de Moderna e, junto com o livro mais recente, Coñodramas (2020), aborda o tema do feminismo e do cotidiano.
Embora as personagens compartilhem um estilo de vida próprio de uma metrópole europeia, as experiências e as questões levantadas são muito familiares
para a realidade nacional. Um leitor desavisado com uma boa tradução de Idiotizadas em mãos poderia se ver nas situações narradas, encontrando paralelo direto entre sua vida e a vida dos personagens. A comédia presente nas ilustrações, sarcástica e recheada de referências de séries, filmes e músicas, é de altíssima qualidade e faz com que a abordagem de temas tão sensíveis e delicados nunca soe moralista ou cafona, muito pelo contrário. É uma graphic novel atual, charmosa e verdadeiramente engraçada, com boas chances de fazer fãs no Brasil.
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