Leitor: Nicolás Llano Linares
La danza del sol é um romance surpreendente, que entrelaça uma polifonia de personagens e vozes com rigor e inteligência. O livro é estruturado em três grandes partes: “Sexta-feira”, “Sábado” e “Domingo”.
A história é composta por diferentes personagens que se reúnem durante um final de semana no Hotel Solymar, na costa espanhola. Como núcleo central, encontram-se os Moscardó Torres e os Moscardó Jimenez, dois braços de uma família de origem proletária, de férias no hotel.
Por outro lado, somos testemunhas da história dos irmãos Tamar e Abdu Al-Zahar, jovens provenientes de algum país árabe. Limitados ao apartamento 7B do Edifício Acuazul e ao Passeio Marítimo da cidade, os irmãos rememoram episódios de agressão contra sua família em sua terra natal. Um narrador onisciente revela o processo de radicalização dos jovens, produzido pela violência, política e simbólica. Finalmente, conhecemos os personagens que orbitam ao redor hotel: funcionários temporários e hóspedes.
Narrada em terceira pessoa, a história avança com um ritmo preciso e paciente que permite ao leitor conhecer detalhadamente a vida dos personagens e simpatizar com diferentes aspectos dela. Conforme a trama se desenrola, a tensão dos conflitos íntimos aumenta até chegar ao domingo, quando os irmãos Tamar e Abdu entram no hotel e atiram nos 21 hóspedes, incluindo vários membros da família Moscardó e alguns dos funcionários, antes de se suicidarem com uma bomba.
Curtos e herméticos, os capítulos que narram as histórias de cada personagem são alternados por breves capítulos que apresentam ações específicas (‘A chegada”, “Check-In”), descrições de outros elementos ou situações contextuais (“Peixes”, “Noite de Boleros”) e relatos mais detalhados sobre a vida da família (“O que pensa a família Moscardó sobre os chineses”).
A história segue uma cronologia linear, que se alimenta de digressões sobre o passado dos personagens. Cada capítulo revela uma nova faceta ou perspectiva de algum evento apresentado no capítulo anterior, recurso que permite contrastar os diferentes pontos de vista sobre um mesmo acontecimento. Caracterizadas pelas dificuldades, pela falta de oportunidades e por frustrações íntimas que se acumulam sem trégua, as vidas dos personagens vão se revelando de forma fragmentada, construindo um quebra-cabeça narrativo que, longe de ironizar as classes populares europeias, investiga suas motivações e seus sentimentos de forma meticulosa.
Por meio de uma prosa elegante, a autora reconstrói, implacável e habilmente, o fluxo de consciência de quem se joga no sol e tenta equilibrar as preocupações mais profundas com os desejos mais imediatos, em um estudo emocional que desmantela, passo a passo, as intrigas e conflitos familiares formulados nos silêncios e nas omissões.
No fundo, este é um romance sobre a incapacidade de dizer o que carregamos dentro de nós, o que realmente estamos pensando. Uma investigação sobre as justificativas e mentiras que contamos a nós mesmos para manter uma imagem, para lidar com o passado ou para evitar confrontar as consequências de nossos erros.
Sobre a autora: Escritora, roteirista e fotografa espanhola (Madri, 1959). Formada em filosofia e educação, colaborou com importantes programas radiais e audiovisuais como La bola de cristal e Barrio Sésamo. Publicou cinco, entre os quais se encontram Baby Spot (2003) e La verdadeira historia de Matías Bran, que recebeu o prêmio Euskadi de literatura (2012).
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