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Antônio Xerxenesky
Autor:
Santiago Roncagliolo
Resenhista:
Antônio Xerxenesky

Em uma noite tempestuosa na colônia espanhola estabelecida no Peru, uma criança disforme (talvez siamesa?) nasce em um convento, para o pavor de todos ali. O translado dessa criança é interrompido por uma emboscada e só sobrevive o narrador da história, um oficial de justiça. O início desse enredo parece o de uma trama de terror, mas o escritor peruano Santiago Roncagliolo o conduz a paragens inesperadas.

            O autor já foi traduzido ao português, com o thriller com elementos históricos Abril vermelho, que trata do grupo Sendero Luminoso, tema de seu outro livro também traduzido no Brasil, A quarta espada.

            A mescla entre romance histórico e thriller também está no cerne de El año en que nació el demonio, cujas mais de 500 páginas são devoradas rapidamente. O narrador, um oficial de justiça que aceita trabalhar voluntariamente para um inquisidor, revela-se um tapado, filhinho da mamãe, e o autor aproveita a passividade estúpida deste personagem para projetar ali toda uma visão de mundo dos colonizadores.

Todos os preconceitos – com índios, negros, mulheres, homossexuais (que recebiam o termo condenatório de “sodomitas”) – ganham espaço na voz do narrador, que se depara com um mundo que parece fugir do que a ortodoxia inquisitorial implantou em sua mente. No seu trabalho, ao mesmo tempo oficial e à margem da oficialidade, participa da tortura de hereges presos pela inquisição, de quem precisa extrair confissões forçadas.

A questão demoníaca logo fica em segundo plano, ao passo que o universo reconstruído do Vice-Reino do Peru do século XVII ganha cores e contradições: um convento com uma freira negra, uma curandeira adorada pelo povo que constrói quase uma milícia ao redor de sua figura, e um índio que foge do estereótipo projetado pelo narrador pela lucidez de suas opiniões.  

A curandeira, uma beata de nome Rosa, ganha mais e mais protagonismo, e graças à visão parcial que temos da história a partir do narrador, as interpretações racionais parecem não estar à nossa disposição, o que torna o livro ainda mais interessante.

Quando o Vice-Rei confessa achar a Inquisição algo grotesco e propõe um governo mais progressista, logo convoca o narrador para servir como um agente duplo. O livro todo trabalha, então, com essa dialética: entre o progresso e o obscurantismo, a racionalidade e o fanatismo religioso, mesclando intriga política com elementos de thriller e folk horror. O resultado é um romance de leitura gostosa, que se utiliza de uma narrativa histórica para discutir temas atuais no processo de discussão dos efeitos da colonização europeia na América Latina.

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