A vocação missionária de meus pais nos levou para Camarões, pouco depois de eu completar sete anos. Lá descobri um novo mundo no qual me senti estranhamente acolhido, em meu próprio habitat. Durante o breve período de treze meses que passamos no norte do país, no meio do cerrado (perto da fronteira com o Chade, então em guerra), como o resto dos oito anos que passamos no centro-sul, em uma cidade rural, cercada de densa selva, tive a oportunidade de desfrutar de uma total imersão cultural. A tradição camaronesa era, e ainda é hoje, eminentemente oral, e logo percebi que se eu quisesse continuar a receber das pessoas que conhecia suas histórias e lendas, teria que começar a compartilhar a minha com elas. Desde então, não parei mais de escrever e contar histórias. Vivo em Cantábria, na bela cidade de Selaya.