O livro Plantas domesticadas y otros mutantes, de Iban Eduardo Muñoz (autor) e Alberto Montt (ilustrador), é destinado ao público infantojuvenil e trata de um tema muito específico: os vegetais comestíveis.
As questões norteadoras do livro e que são postas ao leitor interrogam temas como a sazonalidade das frutas, a história das plantações, a diferença entre o que é consumido nos diversos países do mundo, e os alimentos silvestres e sua diferença em relação aos plantados pelos humanos. O texto conversa, pergunta e brinca com os leitores, ao mesmo tempo em que toca, com coragem e competência, em questões do mundo vegetal que são complexas e interessantes para todos, especialmente para as crianças curiosas com o mundo ao redor e que já leem e estudam com relativa independência. As ilustrações são tradicionais dos livros voltados para esse público, mas estão em harmonia com o texto e com a finalidade da obra.
O livro começa com um convite para os leitores escreverem uma lista de compras com todos os vegetais que fazem parte de sua alimentação, e chama a atenção para a presença de muitos outros, utilizados no preparo e no tempero dos pratos. Em seguida, destaca a importância de alguns vegetais para a alimentação mundial, como a soja e o milho, e de como eles servem para alimentar tanto os humanos quanto os animais – que também são comestíveis. Mais adiante, os autores descrevem a diferença entre os vegetais silvestres e os plantados, o que serve de base para discutir as táticas de sobrevivência das plantas, a vida em constante transformação e adaptação (Darwin), as bases do que consiste uma plantação (domesticação vegetal), e a ideia de cruzamento genético (Mendel e sua ervilhas, com uma dica de atividade para os leitores recriarem eles mesmos o cruzamento de plantas).
Pelo seu apelo didático e pelo discurso ambientalista que permeia todo o livro, é uma obra indicada para o mercado editorial por servir a tripla função de divertir, educar e propor atividades para o público infantojuvenil. Embora existam um sem número de publicações que tocam no tema do preservacionismo ou da valorização da diversidade ecológica, o livro ganha especial pertinência ao colocar como ponto de partida de toda a discussão uma questão concreta: os vegetais que o leitor come todos os dias.